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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Só as mãos

Vi-te um dia,
Há muitos, muitos anos.
Não recordo, hoje, o teu rosto,
Mas lembro bem as tuas mãos.
Porquê? Não sei.
Foi sempre assim comigo,
No registo que faço
Das pessoas que conheço.
Para uns é o olhar,
Para outros a boca,
Ou até, quem sabe,
A forma de caminhar.
Para mim as mãos,
São a expressão da alma.
Fixo-as, lembro-as
Ao pormenor.
Por isso, quando ontem cruzaste
O meu caminho, nem te vi.
Mas quando, na mesa
As mãos colocaste,
Soube logo que eras tu
Quarenta anos depois,
Da data em que me deixaste.
Não sei ao que vinhas,
Decerto, apenas passaste
E paraste.
Mas as tuas mãos,
Essas, eu sei que vieram
Para que eu as tocasse.

Helena

sábado, 13 de agosto de 2011

Eu

Nunca soube bem quem sou.
Nem na luz da alegria,
Nem na sombra da tristeza.
Sei que a solidão me alumia,
E que os muros me não travam.
Por isso
Se me soltam tanto as palavras
À espera do eco que tragam,
Que me ensine um pouco mais
Do que sou
Ou daquilo que posso ser.
Sabem os outros
Mais de mim
Pelo que intuem,
Do que eu, pelo que sinto.
Estranha forma esta de existir,
De me tentar conhecer.
E de tecer o tecido
Que me envolve,
Me prende e me liberta.

Helena