O silêncio, para mim, é de noite,Sempre de noite.
De dia,
O sol aquece-me
E não me deixa
Senti-lo.
Mas eu sei
Que o silêncio
Tem um som,
Uma espécie de murmúrioQue só eu oiço.
Porquê eu?
Não sei.
Talvez tenha nascido
Com esse dom!
Helena
São poucas, mas perenes.
como sabe bem que o ruído pare
ResponderEliminare seja tudo mais que o silêncio fale
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o relógio faz
tic
e depois tac
e no intervalo o tempo passa
em silêncio
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Estava um homem consigo e disse-lhe:
– Estou consigo.
Já reparei, disse-lhe o outro.
Não sei se se ouviam. Dialogavam, ou parecia, deviam pensar.
Um deles ficou quieto e o outro imitou-o. Ficou quieto.
Ficaram quietos um bom bocado. Esquecendo-se um do outro.
– O meu silêncio perturba-me, é intrusivo, sinto-o por dentro, ruidoso.
O meu silêncio, disse-lhe o outro, é feito de aparas de tempo que perdi.
Ficaram, ficou cada um no seu silêncio, a pensar com botões e tempo.
– Não encontro lógica nisto.
Nisto, isto?, disse-lhe o outro.
– Faço reparar que realmente não dialogamos, como estar nos opostos da mesa de ping-pong e fazemos ping-pong.
É o que se espera que se faça numa mesa de ping-pong, nem menos, nem mais, disse-lhe o outro.
– Estamos onde estamos e ficamos. Nada se passa. A bola não tem nada. É só perda.
A bola atravessa, disse-lhe o outro.
– Não gosto. Não gosto deste ping-pong que finje ser diálogo. A bola não fala. E de alma...
Está no seu direito, disse-lhe o outro, no direito de não gostar, e alma numa bola, onde já se ouviu falar?
O homem que estava consigo levantou-se e olhou-se.
O espelho estava do outro lado e nele não se viu.
Quando se visse falava.
Pedro
Uma delícia de entendimento este nosso silêncio...
ResponderEliminarÉ murmúrio,
É calor,
É ausência,
É presença,
É ser eu,
É ser tu,
É, sobretudo, nós.
Helena
Helena